7 de novembro de 2011

Castelo-Ra-Tim-Bum

A mostra Sou só criança e o projeto Pezinho de Jatobá tem o prazer de anunciar a exibição do filme:

Castelo Ra-tim-bum O filme. (Brasil 2008) De Cao Hamburguer . Duração 108’.
Sinpose: Nino (Diego Kozievitch) um aprendiz de feiticeiro que vive com seus tios, Morgana (Rosi Campos) e Victor (Sérgio Mamberti), há 300 anos. Ansiando em ter uma vida normal como todos os demais garotos, ele acaba participando, involuntariamente, de uma trama orquestrada por sua tia Losângela (Marieta Severo), que pretende roubar o livro de magias de Morgana.

Sábado 12/11/2011 as 9:00 horas, sede do projeto Pezinho de Jatobá.

Mostra "Eu sou um outro você".

A mostra "Eu sou um Outro Você" tem o prazer de anunciar a próxima exibição cinematográfica

7 Dias em Burkina (Burkina Fasso, 2007/2008) De Carlinho Antunes Werneck e Marcio Werneck. Duração 52’.
Sinopse: Dirigido pelos músicos e pesquisadores, Carlinhos Antunes e Márcio Werneck, “Sete dias em Burkina” mostra o festival de música mais esperado do ano e um dos mais importantes da África, o NAK - Noites Atípicas de Koudougou. E mais que isso, o documentário retrata a trajetória de duas pessoas que, unidas pelo mesmo ideal, fundaram instituições culturais e educativas para crianças e jovens, oferecendo estudos regulares, artísticos e profissionalizantes carregados de uma visão plena de cidadania e humanismo.
Nesta Quinta Feira Dia 10/11/2011, FACOMB - UFG, Sala 18 as 9:00 horas.

26 de outubro de 2011

Sou...só criança.

O Fazcine juntamente com o projeto Pezinho de Jatobá, tem o prazer de convidar a todos os alunos da UFG e a toda comunidade do bairro Shangri-lá para mais uma exibição da Mostra Sou só...criança:


O Castelo Andante (Japão, 2004) De Hayao Miyazaki. Duração 121’
 
Sinopse: Sophie, uma típica adolescente de 18 anos, vê a sua vida virada do avesso quando se cruza acidentalmente com o misterioso mas belo feiticeiro Howl e, subsequentemente, é transformada numa mulher de 90 anos pela vaidosa e perversa Bruxa do Nada. Ao embarcar numa incrível odisseia para quebrar a maldição, ela encontra refúgio no castelo andante onde conhece Markl, o aprendiz de Howl, e um impetuoso demónio de fogo, com o nome de Calcifer. O amor e o apoio de Sophie vão ter um enorme impacto em Howl, que, em tempo de guerra, vai arriscar a sua vida para ajudar a trazer paz ao reino.
 
Sábado dia 29/10 no auditório da Facomb UFG as 9:00 horas dia

Eu sou um outro você.

O Fazcine convida a toda a comunidade da UFG e os alunos da disciplina de Sincronicidade: Comunicação Coletiva para assistir a mais um filme da mostra Eu sou um outro você:


Vermelho como o céu.(Italia,2006)Cristiano Bortone 96 min

Sinopse: Anos 70. Mirco (Luca Capriotti) é um garoto toscano de 10 anos que é apaixonado pelo cinema. Entretanto, após um acidente, ele perde a visão. Rejeitado pela escola pública, que não o considera uma criança normal, ele é enviado a um instituto de deficientes visuais em Gênova. Lá descobre um velho gravador, com o qual passa a criar estórias sonoras.

Amanhã Quinta Feira, dia 27/10. Sala 18 Facomb UFG

13 de outubro de 2011




Nesta VI Feicom, aproveite a programação cultural:


Exibição do Filme "Jacquot de Nantes", seguida de debate com Ana Rita Vidica e Lara Satler.

Quinta-feira, dia 13/10, às 9h30, na sala 18, Facomb.

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Exibição do Filme infanto-juvenil "O mágico", com pipoca para a criançada. Traga seu filho. 
Sábado, dia 15/10, às 9h30, na sala 18, Facomb. 



Realização coletiva: 
Fazcine Clube e Pezinho de Jatobá

Apoio:
Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb)
Pró-reitoria de Assuntos Comunitários (Procom)
Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec)
Universidade Federal de Goiás (UFG)

3 de outubro de 2011

Jaquot De Nantes

Temos o prazer de anunciar que a exibição do filme Jaquot de Nantes passará para dia 13/10 por razões técnicas.  Pedimos desculpas pelos transtornos recentes e garantimos a sua exibição nessa data!

As 9:00 horas na sala 18, FACOMB.

30 de setembro de 2011

Mostra Sou...só criança

Este Sábado, dia 1° de outubro a Mostra Sou...só criança exibirá o filme "Ponyo" de Hayao Miyazaki na sede do Projeto Pezinho de Jatobá. Convidamos a todos para mais uma experiencia de compartilhamento de sensações proporcionada pela magia do cinema.

Ponyo (Japão 2008) De Hayao Miyazaki. Duração 101’

Sinopse: A peixinha Ponyo vive no fundo do mar com o pai e as irmãs, e sempre teve muita curiosidade para saber como era o mundo fora dali. Um dia, pega carona numa água-viva para subir à superfície. Chegando lá, é capturada por uma rede de pesca e se perde no meio da enorme quantidade de lixo boiando no mar. Felizmente, é resgatada por Sosuke, menino de 5 anos que vive num rochedo à beira-mar. Ele promete cuidar dela pra sempre, mas o pai-peixe está determinado a recuperar a filha.

26 de setembro de 2011

Mostra "Eu sou um outro você".

O Fazcine clube tem o prazer de convidar a todos os alunos da disciplina de Sincronicidade: Comunicação Coletiva e da FACOMB para  para mais uma exbição da mostra "Eu sou um outro você" nesta Quinta as 9:00 com o filme:

Jacquot de Nantes. (França, 1991). De Agnès Varda. Duração 118'.

Sinopse: Jacques Demy, chamado por sua família de Jacquot, é um pequeno garoto que vive no final dos anos 30. A sua família tem uma vida feliz e costumam ir ao cinema e cantar. Jacquot, fascinado cada vez mais por música e cinema, troca alguns brinquedos por uma câmera, para fazer um filme amador.

Eu sou um outro você

 A mostra "Eu sou um outro você" tem o prazer de convidar todos os alunos da disciplina de Sincronicidade: Comunicação Coletiva bem como a

13 de setembro de 2011

Mostra Sou...só criança



A mostra Sou... só criança tem o prazer em convidar a comunidade da UFG e do ShanGri-lá e os alunos do curso de Sincronicidade:Comunicação Coletiva para a exibição do filme:


A viagem de Chihiro (Japão, 2001) De Hayao Miyazaki. Duração122’
Sinopse: Uma garota de 10 anos, acompanhada pelos pais numa viagem vê-se encurralada numa situação desesperadora: seus pais, após comerem da comida de um restaurante desconhecido, transformam-se em porcos. A garota, então, deve fazer de tudo para reverter o acontecido, em um mundo bizarro e fantasioso.

Neste sábado 17/09, as 9:30 na sede do Pezinho de Jatobá no bairro Shangri-lá

Programação da mostra “Eu sou um outro você”.

O FazCine clube informa mudanças na programação da mostra “Eu sou um outro você”. Em vez de Jacquot de Nantes  serão exibidos, nesta quinta-feira dia 15, as 9:00, os filmes:

Por que chove tanto assim. (Brasil, 2006). Do Projeto Sincronicidade e Expressão de Coordenação de Julia Pascali. Duração 6’39.

Sinopse: Experiência expressiva junto à Natureza. Participantes do Projeto Sincronicidade e Expressão da EMAC/UFG

O Contador de Histórias. (Brasil, 2009). De Luiz Vilhaça. Duração 100’


Sinopse: Aos seis anos, Roberto Carlos Ramos é internado por sua mãe em uma instituição para menores carentes em Belo Horizonte. Dotado de imaginação fértil, chega aos 13 anos analfabeto, com mais de 100 fugas no currículo e o diagnóstico de irrecuperável. O encontro com uma pedagoga Margherit Duvas mudará, para sempre, a vida de Roberto.

Exibições na FACOMB, sala 18. As 9:00 horas.

A 11ª Goiânia Mostra Curtas



A 11ª Goiânia Mostra Curtas está com inscrições abertas de 16 de agosto a 14 de setembro nas seguintes oficinas:

A fotografia no documentário: questões de técnica e linguagem
Instrutor: Aloysio Raulino



Processos audiovisuais cocriativos
Instrutores: Igor Amin e Vinicius Cabral

Som para cinema: edição e mixagem
Instrutor: Paulo Gama






Inscrições e mais informações pelo site www.goianiamostracurtas.com.br 

9 de setembro de 2011

Mostra "Eu sou um outro você"

A mostra Eu sou um outro você é uma série de exibições realizadas pelo FazCine Clube vinculadas a disciplina de Sincronicidade: Comunicação Coletiva ministrada realizadas pelas professoras Ms Lara Satler e Ms Ana Rita Vidica e Dr Maria Julia Pascali. Com a curadoria das mesmas com a contribuição de Raphael Mendonça Martins.

Abaixo segue a lista das exibições e suas respectivas sinopses.:
25/08 Um truque de luz. (Alemanha, 1995). De Wim Wenders. Duração 80’
Wenders conta de maneira humorada e encantadora como os irmãos Skladanowsky (Max, Emil e Eugen) criaram o cinema. 

25/08Por que chove tanto assim. (Brasil, 2006). Do Projeto Sincronicidade e Expressão de Coordenação de Julia Pascali. Duração 6’39
Experiência expressiva junto à Natureza. Participantes do Projeto Sincronicidade e Expressão da EMAC/UFG.


08/09 O casamento. (Brasil, 2005) De Julia Pascali. Duração 23’11’’
Após algumas dicas sobre cinema, crianças do Projeto de Extensão da EMAC/UFG "Sincronicidade e Expressão", da cidade de Pirenópolis, realizam cena de um casasamento com cenário, figurinos, marcação e trilha sonora criados por eles mesmos. Ao final eles comentam a experiência. 

08/09 Muquém - uma história de seu Ico. (Brasil, 2002/2003). De Julia Pascali. Duração 41’33’ 
Cena e registro por artistas populares de Pirenópolis, contando a história que deu origem à romaria tradicional ao Muquém, em Goiás.

E na próxima exibição. dia 15/09

Jacquot de Nantes. (França, 1991). De Agnès Varda. Duração 118'
Jacques Demy, chamado por sua família de Jacquot, é um pequeno garoto que vive no final dos anos 30.Fascinado cada vez mais por música e cinema, troca alguns brinquedos por uma câmera, para fazer um filme amador

Mostra Sou...só criança

A mostra Sou... só criança realizada no projeto Pezinho de Jatobá tem o prazer de convidar a toda comunidade e alunos da disciplina de Sincronicidade: comunicação coletiva para a exibição do filme "Os Smurfs" na sede do projeto no bairro Shangri-lá. Neste sábado dia 9 de setembro. Com a curadoria de Ms. Ana Rita Vidica, Ms. lara Satler com contribuições de Adam Henrique Freire Sousa, crianças e adolescentes do Shangri-lá.

Sinopse: Por meio de uma feitiçaria, Os Smurfs deixam a floresta onde vivem e acabam indo parar no Central Park em Nova York. Agora eles tem que fugir do vilão Mago Gargamel e encontrar um meio de voltar a floresta com a ajuda de amigos humanos que encontram no caminho.

25 de março de 2011

Polifonia Inebriante

Por Mariana do Vale Moura e Lara Lima Satler

Cidades, multidões, sujeitos, caos, fábricas, manequins, carros, trens... elementos que fazem o filme Um homem com uma câmera de Dziga Vertov (URSS, 1929). Tumm, pãaa, (corta a cena) pá, xiiii (o trem atravessa a tela) triiii, toooo, truuuuu, tictactictac, (cortes secos e seqüência rápida de cenas) tuctac, chichichipápápá, bláblúblí, peeeeee, píiiiiii, (fábricas a todo vapor).
O filme tem seus próprios sons. Sons que não são o da trilha sonora, afinal nem sabemos ao certo qual a trilha originalmente executada nas exibições do lançamento. Temos, portanto uma obra do cinema-mudo cuja exibição acontecia ao som de música ao vivo. Nas imagens, os músicos afinam seus instrumentos, as pessoas ocupam seus lugares, as cortinas se abrem, o espetáculo começa. São sons mentais que as imagens produzem, são imagens-sons, som como extensão da imagem, conseqüência do corte, da velocidade-fixidez, do ritmo, dos sentidos.

Essa polifonia de imagens, mais rápidas que lentas, ritmadas, aparentemente descontroladas, geram a sensação de ebulição e de que vão ultrapassar o limite da tela, atravessá-la, saltar no espectador. É como se o filme – mesmo visto sem áudio – ecoasse um pedido de “decifra-me!” aos ouvidos do espectador (espectador nós – e não – espectador eles, que fazem parte da mise-en-scène construída por Vertov, que filma o espetáculo em curso). Aliás, se algum desejo o homem com uma câmera tinha, certamente era o de descortinar os sons da cegueira cinematográfica de então. Aos poucos, os sons sentidos nas imagens são compreendidos, digeridos, por nós (e quem sabe por eles).

Seria um passeio polifônico? Passeio de um homem com uma câmera pela cidade, aliás, passeio de dois (ou três, é possível) homens com câmeras pelas cidades. Aquele (homem) que filma, mas que também é filmado, filmado por outro homem que filma, mas não está em cena. Confuso. Mas é assim. Vertov traz para a história do cinema, numa época que ainda não se falava em domínio do documentário, um filme que escancara a sua própria feitura, se assume em construção, apresenta a mise-en-scène, ou seja, evidencia-a em muitos momentos. Obra exemplar da mise-en-abyme.


Faz isso não só mostrando como foi feita a captação de determinadas imagens, quando filma - o homem com a câmera - filmando. Faz também, quando mostra o processo de montagem. Em seqüências, Vertov apresenta sua mulher montando o filme em curso, separando, cortando, numerando, colando frames. Para. O ritmo vai do frenesi das rotativas para a fixidez do frame estático: o jogo do movimento que insiste em nos iludir. Vemos um frame congelado com foco no rosto de uma criança, por instantes como uma fotografia afônica na tela. Depois um pedaço de película, nela esse mesmo rosto, mas em vários frames. Sobe o som: a criança é mostrada em movimento. O segredo da mágica foi contado. De várias maneiras o cineasta constrói e desconstrói seu filme. Torna isso público. Não está interessando em esconder, mas em gritar. Mise-en-abyme.

Gritar e ser ouvido. Cinema é isso, não é? Dizer algo e ter alguém para escutar. Não importa o que eu diga, eu algum momento, alguém vai me ouvir. O meu discurso, minha forma de olhar, de encarar o mundo, vai ser impresso na tela, esses elementos não indissociáveis. Voz da imagem. Quando digo minha, me refiro aos cineastas em geral, que sim, imprimem seus discursos nos filmes. Os discursos estão aí, vociferando pelo ar. Os discursos estão nos filmes, nas falas, nos livros, nos jornais, na vida. Podem ser meu, nosso (esse texto é um exemplo), podem ser seu, ou podem ser nossos – fruto de uma cultura em comum, do compartilhar social, mas também do jogo de forças presente nas relações eu-outro. Justamente por isso, devem ser examinados com o mesmo paradoxo que Vertov imprime neste seu filme: tomando a vida de improviso, mas montando-a, isto é, reelaborando-a ao som da sua própria voz.

O discurso é um ato político e o outro (espectador) precisa ouvir a voz do eu (cineasta) a partir do paradoxal acreditar-desacreditando, como sugere Jean-Louis Comolli (2008). Vertov ao evidenciar os elementos da mise-en-scène e da mise-en-abyme demonstra ao espectador que o filme é construído pela sua voz, que pode ser guiado da forma como eu cineasta penso, que o filme é feito de discursos, e que deve haver reflexão, pensamento crítico do espectador, sob pena de se deixar fascinar pela passividade automatizante das imagens máquinas.

Relações entre o homem e máquina são recorrentes em Um homem com uma câmera, a começar pelo nome do filme. Evidência da relação. Olho e objetiva. O olho dentro da objetiva, a objetiva refletida dentro do olho. Qual é superior, o homem ou a máquina? O olhar humano ou olhar maquínico?

Comolli (2008) diz que Vertov associa a “máquina ao seu desempenho e o homem à imperfeição, o filme supõe, senão um controle, algo como uma condução, um melhoramento, até mesmo uma realização do segundo pelo primeiro”. A voz de Vertov diz: o homem faz da máquina uma solução para suas limitações. A máquina faz o que o homem não consegue fazer, transcende os limites físicos do corpo humano. O substitui. Em determinado momento do filme, a máquina, representada pela câmera, toma vida. A câmera baila em cima do tripé. Imita desajeitada com suas três pernas de aço o homem bípede. Sugere ter a capacidade de seguir seu caminho, independente do homem, de construir seus próprios discursos. Mas aí aparece o homem vertoviano e grita mais um dos seus paradoxos: a máquina é superior às imagens mentais fugidias da memória humana, mas quem monta as seqüências e lhes dá novos sentidos continuam sendo homens que discursam. A máquina-homem. O homem querendo se esconder atrás da neutralidade maquínica.

Um homem com uma câmera, de Dziga Vertov, sem dúvida nenhuma, deixaria de se tornar referência. Referência em montagem, experimentação, reinvenção de uma linguagem clássica nascente. Grande obra cinematográfica. Mas acima de qualquer classificação: polifônica. Afinal suas vozes impressas nascem dos paradoxos vertovianos: a vida de improviso versus o controle das suas imagens; o desejo de descortinar a cegueira fílmica dos espectadores versus o desejo de reelaborá-la ao som da sua voz; a superioridade da máquina versus a discursividade do cineasta. Uma obra de polifonia inebriante.

Referência Bibliográfica

COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder: a inocência perdida – cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.


***

O homem com a câmera (Dziga Vertov, 1929) foi exibido no Fazcine no dia 10 de Março.

Polifonia Inebriante

Por Mariana do Vale Moura e Lara Lima Satler

Cidades, multidões, sujeitos, caos, fábricas, manequins, carros, trens... elementos que fazem o filme “Um homem com uma câmera” de Dziga Vertov (URSS, 1929). Tumm, pãaa, (corta a cena) pá, xiiii (o trem atravessa a tela) triiii, toooo, truuuuu, tictactictac, (cortes secos e seqüência rápida de cenas) tuctac, chichichipápápá, bláblúblí, peeeeee, píiiiiii, (fábricas a todo vapor).


O filme tem seus próprios sons. Sons que não são o da trilha sonora, afinal nem sabemos ao certo qual a trilha originalmente executada nas exibições do lançamento. Temos, portanto uma obra do cinema-mudo cuja exibição acontecia ao som de música ao vivo. Nas imagens, os músicos afinam seus instrumentos, as pessoas ocupam seus lugares, as cortinas se abrem, o espetáculo começa. São sons mentais que as imagens produzem, são imagens-sons, som como extensão da imagem, conseqüência do corte, da velocidade-fixidez, do ritmo, dos sentidos.

Essa polifonia de imagens, mais rápidas que lentas, ritmadas, aparentemente descontroladas, geram a sensação de ebulição e de que vão ultrapassar o limite da tela, atravessá-la, saltar no espectador. É como se o filme – mesmo visto sem áudio – ecoasse um pedido de “decifra-me!” aos ouvidos do espectador (espectador nós – e não – espectador eles, que fazem parte da mise-en-scène construída por Vertov, que filma o espetáculo em curso). Aliás, se algum desejo o homem com uma câmera tinha, certamente era o de descortinar os sons da cegueira cinematográfica de então. Aos poucos, os sons sentidos nas imagens são compreendidos, digeridos, por nós (e quem sabe por eles).

Seria um passeio polifônico? Passeio de um homem com uma câmera pela cidade, aliás, passeio de dois (ou três, é possível) homens com câmeras pelas cidades. Aquele (homem) que filma, mas que também é filmado, filmado por outro homem que filma, mas não está em cena. Confuso. Mas é assim. Vertov traz para a história do cinema, numa época que ainda não se falava em domínio do documentário, um filme que escancara a sua própria feitura, se assume em construção, apresenta a mise-en-scène, ou seja, evidencia-a em muitos momentos. Obra exemplar da mise-en-abyme.

Faz isso não só mostrando como foi feita a captação de determinadas imagens, quando filma - o homem com a câmera - filmando. Faz também, quando mostra o processo de montagem. Em seqüências, Vertov apresenta sua mulher montando o filme em curso, separando, cortando, numerando, colando frames. Para. O ritmo vai do frenesi das rotativas para a fixidez do frame estático: o jogo do movimento que insiste em nos iludir. Vemos um frame congelado com foco no rosto de uma criança, por instantes como uma fotografia afônica na tela. Depois um pedaço de película, nela esse mesmo rosto, mas em vários frames. Sobe o som: a criança é mostrada em movimento. O segredo da mágica foi contado. De várias maneiras o cineasta constrói e desconstrói seu filme. Torna isso público. Não está interessando em esconder, mas em gritar. Mise-en-abyme.

Gritar e ser ouvido. Cinema é isso, não é? Dizer algo e ter alguém para escutar. Não importa o que eu diga, eu algum momento, alguém vai me ouvir. O meu discurso, minha forma de olhar, de encarar o mundo, vai ser impresso na tela, esses elementos não indissociáveis. Voz da imagem. Quando digo minha, me refiro aos cineastas em geral, que sim, imprimem seus discursos nos filmes. Os discursos estão aí, vociferando pelo ar. Os discursos estão nos filmes, nas falas, nos livros, nos jornais, na vida. Podem ser meu, nosso (esse texto é um exemplo), podem ser seu, ou podem ser nossos – fruto de uma cultura em comum, do compartilhar social, mas também do jogo de forças presente nas relações eu-outro. Justamente por isso, devem ser examinados com o mesmo paradoxo que Vertov imprime neste seu filme: tomando a vida de improviso, mas montando-a, isto é, reelaborando-a ao som da sua própria voz.

O discurso é um ato político e o outro (espectador) precisa ouvir a voz do eu (cineasta) a partir do paradoxal acreditar-desacreditando, como sugere Jean-Louis Comolli (2008). Vertov ao evidenciar os elementos da mise-en-scène e da mise-en-abyme demonstra ao espectador que o filme é construído pela sua voz, que pode ser guiado da forma como eu cineasta penso, que o filme é feito de discursos, e que deve haver reflexão, pensamento crítico do espectador, sob pena de se deixar fascinar pela passividade automatizante das imagens máquinas.

Relações entre o homem e máquina são recorrentes em Um homem com uma câmera, a começar pelo nome do filme. Evidência da relação. Olho e objetiva. O olho dentro da objetiva, a objetiva refletida dentro do olho. Qual é superior, o homem ou a máquina? O olhar humano ou olhar maquínico?

Comolli (2008) diz que Vertov associa a “máquina ao seu desempenho e o homem à imperfeição, o filme supõe, senão um controle, algo como uma condução, um melhoramento, até mesmo uma realização do segundo pelo primeiro”. A voz de Vertov diz: o homem faz da máquina uma solução para suas limitações. A máquina faz o que o homem não consegue fazer, transcende os limites físicos do corpo humano. O substitui. Em determinado momento do filme, a máquina, representada pela câmera, toma vida. A câmera baila em cima do tripé. Imita desajeitada com suas três pernas de aço o homem bípede. Sugere ter a capacidade de seguir seu caminho, independente do homem, de construir seus próprios discursos. Mas aí aparece o homem vertoviano e grita mais um dos seus paradoxos: a máquina é superior às imagens mentais fugidias da memória humana, mas quem monta as seqüências e lhes dá novos sentidos continuam sendo homens que discursam. A máquina-homem. O homem querendo se esconder atrás da neutralidade maquínica.

Um homem com uma câmera de Dziga Vertov, sem dúvida nenhuma, deixaria de se tornar referência. Referência em montagem, experimentação, reinvenção de uma linguagem clássica nascente. Grande obra cinematográfica. Mas acima de qualquer classificação: polifônica. Afinal suas vozes impressas nascem dos paradoxos vertovianos: a vida de improviso versus o controle das suas imagens; o desejo de descortinar a cegueira fílmica dos espectadores versus o desejo de reelaborá-la ao som da sua voz; a superioridade da máquina versus a discursividade do cineasta. Uma obra de polifonia inebriante.



Referências Bibliográficas

COMOLLI, Jean-Louis. Ver e Poder: a inocência perdida - cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

21 de março de 2011

Foi isso que ela disse

Em torno de Jogo de Cena (Eduardo Coutinho, 2007)

Por João Daniell Ferreira de Oliveira e Rafael de Almeida


Não passa de cena, de caso pensado. Uma mulher sobe a escada, cumprimenta a equipe e o diretor, podemos vê-la sentar e a partir daí conta-nos um pouco de si. A conversa começa. O palco é o teatro. E a cena se repete. Mulheres desconhecidas, anônimas, rostos e corpos ordinários. Até que uma primeira atriz pode ser reconhecida. Ela não possuía um rosto qualquer. Então o jogo se completa, acaba de se revelar, deixando bem mais interessante um documentário que basicamente se vale de entrevistas.

Não que se quisesse encobrir o jogo, pelo contrário, o dispositivo, esse “jogo de escritura” que dá forma ao filme, é a primeira coisa que se dá a ver no filme. Um anúncio de jornal, convidando mulheres que se interessem em participar de um documentário. O diretor está ali, a voz aparece propositadamente, bem como a equipe. A câmera ajusta o foco e usa o zoom no meio da fala das personagens, de propósito, claro, para um filme que mescla as engrenagens da máquina à sua própria aparência. Que máquina é essa? A representação. Porque quer sejam atores ou não, no palco, não há quem não represente. E porque não representar a si mesmo? Mas e as atrizes? Elas estão ali como artifício de desestabilização do encantamento que é estar diante de uma tela, e não só por isso, seu lugar dá relevo à dúvida, já que são profissionais nisso que não é imitar, é interpretar. Há liberdade imaginativa, que só aprofunda a dúvida. Um blefe que só existe pelo que o cineasta e teórico francês Jean-Louis Comolli nomeia como incerteza essencial.



A obra comenta a si própria, quando a mesma história é contada mais de uma vez por pessoas diferentes; quando as atrizes comentam as próprias representações e as personagens que, apesar de reais, representam; deixando às claras seus artifícios. Quando Coutinho tem de encenar, fazendo as mesmas perguntas sempre, o jogo entre falso e verdadeiro, natural e artificial, ficção e realidade, espontaneidade e atuação, cria uma relação de tensão que acaba se tornando um convite para prestar mais atenção e desconfiar abertamente, sem constrangimento. Para ver além, porque o “fundo da imagem é sempre já uma imagem”, como diria Serge Daney. Um clima de teste é plenamente sentido pela atmosfera instaurada pelo documentário. Teste de atores mesmo. Como se estivessem ali para nos convencer de que é verdade, que aconteceu assim, de que “eu sou real”, que a minha dor existe de fato.

Em linhas gerais, sabemos que todas as histórias por mais inusitadas, engraçadas ou doloridas que pareçam, são plausíveis. São comuns, ordinárias, banais. Mas é na possibilidade da dor que nos sensibilizamos, já não importa muito quem diz. A dor nos é aceita.

De alguma forma por expor a própria fragilidade, e se valer das potências do falso, o documentário permite um acesso, pelo menos ao que parece, mais honesto à intimidade das pessoas que apresenta. As atrizes se testam, nós testamos as atrizes e somos testados por elas. Testamos as histórias e somos testados por elas. O filme é um teste, um jogo, e não se torna mesquinho por isso.

Compreende-se a representação como se colocar no lugar do outro, um direito e não usurpação. Modo de se ajuntar as experiências de vida do desconhecido. A representação não é apenas para ilusão, e ainda que seja, é legítima quando nos deparamos com a absoluta impossibilidade de ser o outro de fato. A surpresa não é descobrir que se está diante de um truque, é se deparar com a pergunta: Quando não é que não estamos representando?

Jogo de cena nos leva a experimentar a vida como se fosse um teatro. Metáfora já gasta, mas que torna excessivamente apropriado o título. E além de um título interessante, pode-se nomear assim, também, o artifício pensado para a possibilidade de prover de melhor contorno, relevo e textura a integralidade humana, inexoravelmente achatada por uma projeção.

Referências Bibliográficas
 
DANEY, Serge. A rampa (bis). In: A rampa: Cahiers du cinema, 1970-1982. São Paulo: Cosac Naify, 2007. p. 229-234.

COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder: a inocência perdida – cinema, televisão, ficção, documentário. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

***

Jogo de Cena (Eduardo Coutinho, 2007) foi exibido no Fazcine no dia 03 de Março.

2 de março de 2011

Mostra Estética, Política e Documentário

Curadoria: ANA RITA VIDICA, LARA SATLER e RAFAEL DE ALMEIDA





Na contemporaneidade as imagens revelam novos modos de ser tanto em sua relação com o real quanto com as formas de vida. Refletir acerca dos modos em que o cinema documentário tem operado para escapar da lógica das imagens espetaculares, ora se voltando para as vidas comuns, banais, ordinárias; ora incorporando e reinventando as imagens da mídia, ressignificando-as; ora lançando suas formas de representação em um âmbito da performance; é o nosso interesse com a Mostra Estética, Política e Documentário.

Tomando como pressuposto, conforme o filósofo italiano Giorgio Agamben, que “a exposição é o lugar da política”, ao propor esse espaço de exibição pretendemos redobrar esse instaurar de novas partilhas do sensível, às quais, cremos, já foram iniciadas durante o processo de realização dos filmes. Nesse sentido, na esteira de Jean-Louis Comolli, afirmamos que “a questão não é unicamente estética: entendemos que ela é política”. Da mesma forma que é estética a proposta dos filmes, independente do domínio a que resistam pertencer – documentário ou ficção. “O que a forma me diz sobre o sentido? Como os objetivos – que são sempre desafios de sentido: ideológicos, simbólicos, sociais, o que quer que sejam – trabalham a escritura?”. Essas são as questões que buscamos começar a refletir durante o caminho de nosso trajeto, já que o “que aqui chamamos de cinema aspira a esse trabalho”.

Programação 2011/1
Local de exibição: Estúdio de Rádio e TV - Facomb
Horário: 15h às 18h

03/03 Jogo de Cena (Eduardo Coutinho, 2007)
10/03 O homem com a câmera (Dziga Vertov, 1929)
17/03 Os pescadores de Aran (Robert Flaherty, 1941)
24/03 Crônicas de um verão (Jean Rouch, Edgar Morin, 1960)
31/03 Serras da desordem (Andrea Tonacci, 2006)
07/04 Opinião pública (Arnaldo Jabor, 1967)
14/04 Ladrões de bicicleta (Vittorio de Sica, 1948)
28/04 Acossado (Jean-Luc Godard, 1959)
05/05 O bandido da luz vermelha (Rogério Sganzerla, 1968)
12/05 Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade, 1968)
19/05 Deus e o diabo na terra do sol (Glauber Rocha, 1964)
26/05 Olhar estrangeiro (Lúcia Murat, 2006)
02/06 Andarilho (Cao Guimarães, 2007)

20 de fevereiro de 2011

Sessão de Curtas - Publicidade UFG 2010

Fazcine promove sessão de curtas realizados tanto por alunos, quanto por professores, do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Goiás.

22.FEV.2011 / 16h

Auditório FACOMB